quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

VISÕES DE WILLIAN FOY



O texto abaixo foi extraído livro Mensageira do Senhor, do pastor Herbert E. Douglass, publicado pela Casa Publicadora Brasileira e definido como "Livro do Ano 2003".

William Ellis Foy (c. 1818-1893), um negro norte-americano na faixa dos vinte anos de idade, recebeu diversas visões dramáticas em 1842, vários anos antes daquelas recebidas por Hazen Foss e Ellen Harmon. A primeira (18 de janeiro) durou duas horas e meia, e a segunda (4 de fevereiro) vinte horas e meia! Seu estado durante as visões assemelhava-se ao estado de transe de Daniel.
O relato é de que ele não respirava, apresentava considerável perda de força, não conseguia falar, etc. Informações adicionais sobre William Foy podem ser encontradas em The Unknown Prophet (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1987), de Delbert W. Baker.
Pastor batista voluntário de talentos extraordinários, sua primeira visão foi relatada a uma congregação metodista. Depois desta visão, sua pregação, cheia de zelo e vigor, passou a centralizar-se na proximidade do Advento e na preparação para o acontecimento.
Baker não concorda com a opinião popular de que Ellen Harmon mais tarde preencheu a responsabilidade atribuída primeiramente a Foy.
"William Foy trabalhou como porta-voz de Deus para o movimento do Advento no período do pré-desapontamento, enquanto Ellen White se tornou a profetisa do pós-desapontamento. Foy falou aos primeiros adventistas, assegurando-lhes o interesse pessoal de Deus e estimulando-lhes a um maior reavivamento e reforma. Ele trouxe à luz oportunas verdades que, se compreendidas, teriam posteriormente poupado o povo de Deus do grande Desapontamento ou pelo menos tê-lo-iam preparado para ele. Foy recebeu um número limitado de visões com um objetivo definido. Ele nunca sugeriu que seu papel profético se estenderia além de 1844, ou que receberia outras visões.
"Uma desencaminhadora generalização que muitas vezes se faz é a de que, se Foy for aceito como profeta verdadeiro do movimento do Advento (pré-adventista do sétimo dia), ele também deve ser profeta do movimento adventista do sétimo dia por todo o tempo restante. Esta crença, embora compreensível, não encontra base real." – Delbert Baker, "William Foy, Messenger to the Advent Believers", Adventist Review, 14 de janeiro de 1988.

Algumas vezes antes de 22 de outubro de 1844, Ellen Harmon ouviu Foy pregar no Salão Beethoven em Portland, Maine. Algumas semanas depois, pouco antes da primeira visão dela em dezembro de 1844, Foy estava presente numa reunião realizada perto de Cape Elizabeth, Maine, durante a qual ela falou da primeira visão. "Quando ela começou, Foy ficou fascinado com o que ela dizia. Deixou-se levar pelo entusiasmo e empolgação que acompanharam a apresentação dela. Ela falou das coisas celestiais – de orientações, luzes, imagens – coisas familiares a Foy. ... Arrebatado pela alegria do momento, ele não pôde mais se conter. De súbito, no meio da apresentação de Ellen, Foy bradou de júbilo, erguendo-se sobre os pés e ‘saltou inflamadamente para baixo e para cima’. Segundo Ellen se lembra: ‘Oh! Ele louvou o Senhor, ele louvou o Senhor.’
"Ele repetiu várias vezes que a visão dela era justamente a que ele tinha visto. Ele sabia que não havia como falsificar tal experiência. A dela era legítima." Baker, The Unknown Prophet, págs. 143 e 144.
Em 1906 Ellen White lembrou-se de suas conversas com William Foy. Ela recordou que ele tivera quatro visões, todas antes da primeira visão dela: "Elas foram escritas e publicadas, e é [estranho] que eu não consiga encontrá-las em nenhum de meus livros. Mas nós nos emocionamos tantas vezes." E depois ela fez um elogio muito significativo a Foy: "Foram notáveis os testemunhos que ele deu." Ellen White, "William Foy", Depositários do Patrimônio Literário White, Arquivo Documental 231.
Apenas duas das visões de Foy foram publicadas em seu livro The Christian Experience of William E. Foy Together With the Two Visions He Received in the Months of January and February, 1842 (Portland, ME: The Pearson Brothers, 1845). A terceira é resumida por J. N. Loughborough em Rise and Progress of the Seventh-Day Adventists (RPSDA) (Reimpresso por Payson, AZ: Leaves-of-Autumn Books, 1988), pág. 71. Não se dispõe de nenhuma informação sobre o conteúdo da quarta visão.
Às vezes se faz uma comparação entre a história da vida e visões de William Foy e Ellen Harmon. Ambos passaram por conflitos espirituais perturbadores antes das visões, ambos sentiram grande aversão em relatar as visões publicamente. Ocasionalmente, ambos usaram expressões comuns da época, como "confortar os santos".
Embora existam alguns paralelos verbais entre as visões de Foy e as de Ellen Harmon, existem importantes diferenças no conteúdo. Ao descrever a viagem de alguém que havia acabado de morrer como indo para o Céu em uma carruagem, Foy não menciona a ressurreição no Segundo Advento, pois cria na imortalidade da alma. Foy vê uma montanha na qual estava impresso em letras de ouro: "O Pai e o Filho", fornecendo um pano de fundo para a cena do juízo. Nada semelhante é encontrado nos registros das visões de Ellen Harmon.
[Acréscimo do Editor: "No lado direito do monte, apareceu um poderoso anjo, com roupas como ouro polido; suas pernas eram como colunas de chamas de fogo, seu semblante era como relâmpago e sua coroa deu luz a esse lugar perfeitamente plano; aqueles que não tinham passado pela morte não puderam olhar para seu semblante. Eu, então, contemplei sobre o lado desse monte letras como que de puro ouro que diziam: “O PAI E O FILHO”. Logo debaixo dessas letras estava o poderoso anjo, cuja coroa iluminou o lugar, e toda a hoste celeste adorou a seus pés, ao redor do monte. Esse poderoso anjo, então, levantou sua mão direita, que parecia como uma espada flamejante, e toda a multidão daqueles que não tinham passado pela morte foram levados para o topo do monte; e havia um grande livro aberto, e seus nomes foram tirados do livro em forma de cartões, que estavam estampados sobre suas frontes." -- Traduzido de The Christian Experience of William E. Foy, Together With the Two Visions He Received in the Months of Jan. and Feb. 1842, págs. 12-13.
Clique aqui para baixar a tradução em português, em formato *.doc do Word deste livro de William Foy.]

Tanto Foy quanto Harmon (White) descrevem a árvore da vida empregando palavras comuns tais como "o fruto parecia cachos de uvas em painéis de puro ouro" (Foy) e "o fruto era esplêndido; tinha o aspecto de ouro misturado com prata" (White). Falando sobre comer o fruto, Foy se lembrou: "O guia então me falou dizendo: ‘Os que comem do fruto desta árvore não voltam mais para a Terra.’" White escreveu: "Pedi a Jesus que me deixasse comer do fruto. Ele disse: ‘Agora não. Os que comem do fruto deste país não voltam mais para a Terra.’"

As dessemelhanças contextuais saltam aos olhos. Ambos se referem a um grande grupo de remidos formando um "quadrado perfeito". Foy escreveu que as pessoas desse grupo eram do "tamanho de crianças de dez anos de idade" e que cantavam um "cântico que os santos e os anjos não podiam cantar". Para Ellen White: "Ali sobre o mar de vidro, os 144.000 ficaram em quadrado perfeito."
No entanto, se as visões de Foy foram autênticas e fielmente reveladas, não devíamos esperar semelhanças e paralelos, pelo menos até certo ponto? Mas o conteúdo conceitual geral das visões publicadas de Foy não corresponde ao das visões de Ellen White.

Parece evidente que, se as visões de Ellen Harmon não passassem de cópia das primeiras visões de Foy, os Pearson teriam sido os primeiros a perceber a fraude, especialmente considerando que o Pai Pearson era tão sensível e desconfiado de visões e outras chamadas manifestações do Espírito. O Pai Pearson creu na autenticidade de William e continuou a apoiar solidamente Ellen Harmon.
Foy continuou a pregar para os Batistas do Livre-Arbítrio. Na década de 1860 ele se estabeleceu nas proximidades de East Sullivan, Maine, onde pastoreava uma igreja e trabalhava em sua pequena fazenda. "‘O Pastor Foy’, conforme o chamavam, era grandemente estimado e amado naquela região. A tradição oral afirma que ele era amistoso e amável, embora de fortes convicções. A história local afirma que Foy era excelente pregador e pastor experiente." – Baker, The Unknown Prophet, pág. 158.

Ele morreu aos 75 anos de idade e foi enterrado perto de Ellsworth, Maine, onde seu túmulo pode ser encontrado no Birch Tree Cemetery.
(Extraído, incluindo notas de rodapé, do livro Mensageira do Senhor, de Herbert E. Douglass, publicado pela Casa Publicadora Brasileira, págs 38-42.)
Na lápide de de William Foy, consta a frase bíblica: "Combati o bom combate."

A Experiência Cristã de William E. Foy
Juntamente com
AS DUAS VISÕES
que Ele Recebeu nos Meses de Janeiro e Fevereiro de 1.842.


Portland

1.845

Notas

Comenta-se freqüentemente quando um trabalho desta natureza é posto diante do público: “Eu não creio em sonhos e visões”. Pois bem, os que falam assim são bem-vindos em sua própria incredulidade exigente. O objetivo na publicação destas visões não é beneficiar ou rejeitar indiscriminadamente cada coisa desse tipo; nenhuma de tais expectativas é acariciada. Mas um sério desejo de confortar e encorajar os queridos santos de Deus em sua cansativa peregrinação, por meio de um vislumbre da bem-aventurança, aguardando o fidedigno final que tem nos impulsionado nesse caminho. E não há nenhuma dúvida de que isso se provará para eles um rico e revigorante alimento.

Que Deus Se manifeste a Seus filhos em visões, os registros de longa idade abundantemente testificam. E nesse ponto, a Bíblia é clara e positiva. Aos patriarcas e profetas foram mostrados grandes e tremendos eventos que ainda estavam em futuro distante, pela agência de visões. Mas, pergunta-se freqüentemente quanto ao método de revelação dos eventos e cenas [5/6] do despertamento de pecadores, correção dos vacilantes e restauração dos santos na santíssima fé. Elas são publicadas tão próximas quanto possível em sua própria linguagem. Há uma belíssima semelhança nas visões dadas aqui com as visões de Ezequiel, Daniel e João. Por exemplo: a descrição do “anjo alto e poderoso” e do “mar de vidro”.
A visão do poderoso anjo tendo a pura trombeta de prata e o anúncio da grande e terrível voz é extremamente interessante e instrutiva.
Que os poucos desprezados e humildes que estão aguardando pacientemente o aparecimento de seu glorioso Rei possam ser refrigerados e confortados nesta hora de provação, enquanto lêem cuidadosamente estas visões, é a fervorosa oração dos Publicadores.


No ano de 1.835, com a pregação do Pastor Silas Curtis, eu fui levado a inquirir o que deveria fazer para ser salvo.
Os crentes me conduziram para o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Eu então comecei a orar seriamente a Deus em busca do perdão dos meus pecados; mas quanto mais eu orava, mais eu contemplava a pecaminosidade do meu coração; e por muitos dias eu temi que não houvesse misericórdia para mim; fui levado a ver que haveria justiça em Deus se Ele me abandonasse e me enviasse aonde esperança e misericórdia não pudessem me alcançar. Eu, então, senti vontade de desistir de tudo; e, naquele momento, Cristo me pareceu totalmente desejável e o principal entre dez milhares, e comunicou a palavra doadora de vida à minha alma. Eu, então, me regozijei no Deus da minha salvação, ao passo que todas as coisas em torno de mim pareceram novas, resplandecendo com a glória de Deus. Então meu [7/8] coração pôde se unir ao canto dos anjos: “Glória a Deus nas maiores alturas, paz na terra e boa vontade para os homens.”. Eu, então, vi tal perfeição em Cristo que queria proclamá-la a todo o mundo. Oh! A glória de Deus que encheu a minha alma! Três meses se passaram em que desfrutei a doce comunhão com meu Deus. Eu fui, então, lançado em uma prova por aqueles que deveriam ter sido pais em Israel e assim permaneci muitos dias, lutando em oração, mas o Senhor sabe como livrar os justos da provação. Um pai em Israel que eu visitei nesse tempo me deu instrução que se provou uma benção para minha alma. Então, eu me matriculei na Escola Sabatina, lá fui instruído pela primeira vez em como ler a Palavra de Deus e em breve me tornei capaz de ler minha pequena Bíblia. Imediatamente o dever do batismo pesou sobre mim e, depois de três meses de desobediência, compareci perante a igreja e relatei as comunicações de Deus com minha alma; e, no dia seguinte, fui mergulhado no riacho pelo irmão S. Curtis e fui sepultado com meu Salvador no batismo. Aí eu experimentei o cumprimento da promessa: “Os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.”; enquanto eu saía da água, pareceu-me que os céus abertos resplandeceram ao meu redor e eu clamei em alta voz, dizendo: “Glória a Deus e ao [8/9] Cordeiro que estão assentados no trono.”.
Em 18 de janeiro de 1.842, eu congreguei com o povo de Deus em Southart St., Boston, onde os crentes estavam empenhados em solene oração e minha alma se alegrou no amor de Deus. Eu fui imediatamente tomado como que em agonias de morte, meu fôlego me deixou e pareceu-me que eu era um espírito separado deste corpo. Eu, então, contemplei alguém vestido de roupas brancas, cujo semblante resplandecia mais que o brilho das estrelas, e uma coroa estava sobre sua cabeça que resplandecia mais que o brilho do sol.
Esse resplandecente ser me tomou pela mão direita e me levou para a margem de um rio; no meio dele havia um monte de pura água. Na margem, eu contemplei uma multidão, tanto de pequenos quanto de grandes – eram os habitantes da Terra ainda em vida. Logo todos nós nos deslocamos para o oeste, caminhando sobre a água até alcançarmos o monte. Isso se tornou a linha de separação entre os justos e os ímpios. Os justos a cruzaram e passaram por três mudanças: 1º) seus corpos se tornaram gloriosos; 2º) eles receberam vestiduras puras e resplandecentes; e 3º) coroas brilhantes foram dadas a eles.
Mas, quando os ímpios chegaram, a marca onde os justos estavam foi mudada; eles clamaram por misericórdia e afundaram no monte. Os santos, então, passaram para uma planície sem limites, que tinha a aparência de pura prata. Nosso guia, então, falou e disse: “Essa é a planície do Paraíso”.
Essa hoste celeste foi, então, dividida em três grupos, sendo alguns muito numerosos, e outros, por sua vez, pouco numerosos. No meio de cada grupo havia um anjo. As vestiduras dos anjos eram puras e brancas e para cada um deles foi dada uma coroa, resplandecendo com grande brilho. Seus semblantes eram muito amáveis de se contemplar; suas asas como chamas de fogo sob as quais estavam os santos, tanto os pequenos quanto os grandes. O guia disse então: “Esses anjos são os que têm pregado o Evangelho na terra.” Eu, então, contemplei e havia como que uma grande porta diante de mim. A porta era tão alta que sua altura eu não fui capaz de ver. Ante a porta estava um alto e poderoso anjo vestido em roupas puras e brancas; seus olhos eram como chamas de fogo e ele usava uma coroa sobre sua cabeça que iluminava essa planície sem limites. O anjo ergueu sua mão direita, segurou a porta e a abriu; e à medida que ela dobrava seus brilhantes gonzos, ele clamou com alta voz para a hoste celeste: “Sejam todos bem-vindos!”. Então, os anjos guardiões, no meio dos santos, desferiram um cântico de triunfo, e os santos, tanto os pequenos quanto os grandes, cantaram em suas altas vozes e entraram pela porta; e os anjos guardiões voaram com suas asas brilhantes e desapareceram da minha vista. O interior da porta parecia de diamantes brilhantes. Sob nossos pés era como a aparência de puro vidro. Eu, então, contemplei incontáveis milhões de seres resplandecentes, vindo com cartões em [10/11] suas mãos. Esses seres resplandecentes tornaram-se nossos guias. Os cartões que eles possuíam resplandeciam acima do brilho do sol; e eles os colocaram em nossas mãos; mas os nomes deles eu não pude ler. Esse guias nos seguraram pela mão direita e nos conduziram a um lugar sem limites. Então eu ergui meus olhos e olhei para cima: nuvens ou céus não apareciam; mas havia incontáveis milhões de anjos brilhantes, cujas asas eram como puro ouro; e eles cantaram com altas vozes, enquanto suas asas clamavam: “Santo! Santo!”. Eu, então, contemplei uma inumerável multidão vestida de roupas brancas, com cartões sobre seu peito; e para cada um deles foi dada uma coroa de brilho. O guia se expressou, dizendo: “Esses são os que não passaram pela morte.”.

Havia diante de mim, em espírito, uma inumerável multidão, que não tinha passado pela morte; suas coroas eram como o brilho das estrelas e, em suas mãos direitas, eles seguravam cartões. Eu vi, então, uma pessoa que tinha passado pela morte. Seu brilho estava além da expressão de mortais e ao seu lado direito estava um anjo guardião: as roupas do anjo eram como o puro ouro e suas asas como chamas de fogo, e assim que ela passou por mim, clamou com amável voz: “Eu estou indo para o portal a fim de encontrar meus amigos.”. Um anjo, então, apareceu voando pelo meio dessa planície sem limites, veio ao espírito de um daqueles [11/12] que não tinham passado pela morte e clamou com uma forte voz, dizendo: “Essa é minha mãe.”. Ele, então, se tornou seu guia. Eu, então, contemplei no meio dessa planície sem limites um alto monte como de pura prata. Parecia perfeitamente redondo, e, embora eu não fosse capaz de ver através dele, mesmo assim minha visão se estendeu ao seu redor. Em derredor desse monte, havia um espaço no qual não havia nenhum ser. Mas depois desse círculo vago, estava, como me pareceu, um coro de anjos, e tanto quanto minha vista estendeu-se, através desse lugar sem limites, estavam incontáveis milhões de justos. E, oh, o cântico, nenhum mortal pode descrever! Pareceu-me que os anjos próximos do círculo ao redor do monte, com altas vozes, desferiram um amável canto e depois cessaram. Os santos próximos deles os acompanharam e, com vozes ainda mais fortes, repetiram-no: e assim ecoaram e ecoaram novamente, até ter sido cantado por todos os santos e então cessaram; e, então, de novo os anjos cantaram.
No lado direito do monte, apareceu um poderoso anjo, com roupas como ouro polido; suas pernas eram como colunas de chamas de fogo, seu semblante era como relâmpago e sua coroa deu luz a esse lugar sem limites; aqueles que não tinham passado pela morte não puderam olhar para seu semblante. Eu, então, contemplei sobre o lado desse monte letras como que de puro ouro que diziam: “O PAI, E [12/13] O FILHO.”. Logo debaixo dessas letras estava o poderoso anjo, cuja coroa iluminou o lugar, e toda a hoste celeste adorou a seus pés, ao redor do monte. Esse poderoso anjo, então, levantou sua mão direita, que parecia como uma espada flamejante, e toda a multidão daqueles que não tinham passado pela morte foram levados para o topo do monte; e havia um grande livro aberto, e seus nomes foram tirados do livro em forma de cartões, que estavam estampados sobre suas frontes.
Nós, então, ficamos outra vez sobre esse puro mar de vidro, diante do monte; e nossos corpos tornaram-se como vidro transparente, mas o ser que estava no monte, eu não fui capaz de contemplar. Enquanto eu estava olhando, maravilhado, as glórias diante de mim, uma grande voz clamou no monte, o lugar foi fortemente sacudido e a incontável multidão de santos e anjos reverenciou aos pés do poderoso anjo e o adorou, clamando com uma forte voz: “Aleluia!”. E, então, cada um se calou, e a hoste celeste permaneceu reverenciando ante o anjo em solene silêncio; e nada foi ouvido exceto o tremor do lugar causado pela voz daquele que clamou no monte.
Eu, então, contemplei este baixo mundo, coberto como estava em montes revolvendo de chamas, e, nesse fogo, eu vi uma incontável multidão clamando por misericórdia. Eles pareciam ser aqueles [13/14] que tinham chegado à idade do entendimento. Esses clamores subiram ao monte, enquanto toda a hoste celeste estava muda em solene tranqüilidade. A voz proveniente do monte clamou outra vez, todos os santos e anjos se ergueram e com voz forte clamaram: “Amém!”. Eu, então, comecei a conversar com meu guia, e inquiri por que não havia misericórdia para aqueles que eu tinha visto em aflição. Ele respondeu: “O Evangelho tem sido pregado para eles, os servos os têm advertido, mas eles não acreditaram; e quando o grande dia da ira de Deus vier, não haverá misericórdia para eles.”.
Eu, então, contemplei no meio desse lugar sem limites uma árvore, o tronco da qual era como vidro transparente, e os galhos eram como ouro transparente, estendendo-se por todo este lugar sem limites. Em cada galho da árvore estavam pequenos anjos. Havia uma inumerável multidão deles e eles cantavam com fortes vozes, e tal canto não tinha sido ouvido nesse lado do céu. Essa árvore estava também revestida da luz procedente do poderoso anjo. Sob essa árvore, estando sobre o mar de vidro, estavam os incontáveis milhões de justos, vestidos de roupas brancas, com coroas sobre suas cabeças e cartões sobre seu peito; e, na multidão, eu vi alguns que eu conheci enquanto eles estavam vivendo sobre a terra; eles estavam todos cantando com altas vozes e ergueram suas gloriosas mãos arrancando fruto [14/15] da árvore; o fruto parecia como cachos de uvas em quadros de puro ouro. Com uma voz amorável, o guia, então, falou a mim e disse: “Aqueles que comem do fruto dessa árvore não mais voltarão à terra.”. Eu ergui minha mão para participar do fruto celestial, para que eu não pudesse retornar mais para a terra; mas quê! Eu imediatamente me achei novamente neste solitário vale de lágrimas.

O dever de declarar as coisas que me tinham sido mostradas aos meus semelhantes e adverti-los a fugir da ira vindoura pesou sobre minha mente, mas eu fui desobediente tomando este ponto para uma desculpa: que meu guia não me mandou assim proceder, e eu, por essa razão, trouxe trevas e morte sobre minha alma. Mas, eu não podia encontrar paz ou conforto. Eu comecei a duvidar se realmente minha alma tinha alguma vez sido convertida, e, embora eu freqüentemente me reunisse com o povo de Deus, não obtinha nenhum alívio, mas me sentia angustiado e solitário. Eu não podia obter nenhum acesso em oração. Por fim, para escapar à cruz de ir e pessoalmente declarar ao mundo, eu decidi publicar a mensagem. Ainda nisso eu não pude achar nenhum alívio, além de ter ajuntado uma dívida da impressão, o qual era um esboço muito imperfeito; e realmente eu não era capaz de relatar para aquele propósito. Mas, o Senhor, em Sua misericórdia, tratou-me com indulgência para contemplar a tarde de 4 de fevereiro de 1.842, quando eu me reuni com o povo de Deus em May St.. Uma grande congregação estava reunida e [15/16] os crentes estavam empenhados em exortação e oração. Mas eu não desfrutei de nenhuma presença sensível de Deus.
Na última parte da tarde, estando a casa muito cheia, eu dei meu assento a um amigo que tinha estado em pé durante a tarde. Enquanto eu estava assim em pé, comecei a refletir em minha desobediência; e, enquanto estava assim concentrado, de repente eu ouvi uma voz, que parecia, no espírito, falando a mim. Eu imediatamente caí ao chão e não soube nada acerca deste corpo até que doze horas tivessem passado, como eu fui depois informado.
Pareceu-me que eu era um espírito separado deste corpo, estando sozinho sobre a terra. Nenhum outro ser parecia estar comigo. A terra tinha a aparência de um lugar sem limites. O sol brilhava em seu esplendor, como naturalmente brilha ao meio dia. Eu, então, contemplei uma nuvem subindo do oeste, que veio e cobriu o sol, de tal forma que ficou escuro, e todo o céu se tornou como pano de saco; então alguma coisa além da expressão do homem mortal irrompeu do céu, do sul até o norte. Era como uma barra flamejante de fogo; e imediatamente depois, alguém apareceu, o qual é impossível para mim descrever. Eu, então, contemplei inumeráveis multidões vindo dos quatro cantos da terra, o quais foram reunidos diante dessa barra e lá ficaram em solene silêncio, enquanto palidez [16/17] tomou conta de todos os semblantes. Imediatamente eles foram trazidos a essa barra e os corpos dos santos foram transformados, tornando-se como ouro transparente; eles foram revestidos em luz e vestes reluzentes; coroas de luz foram colocadas sobre suas cabeças e cartões brilhantes sobre seu peito; e cantando suavemente eles passaram pela barra de fogo. Mas os ímpios não foram capazes de passar. O mundo abaixo parecia envolto em trevas e fogo; nesse, os ímpios desapareceram da minha vista, clamando por misericórdia. Eu contemplei mães com seus filhos nos braços vindo para a barra flamejante, os corpos dos filhos tornaram-se como ouro transparente e sobre as asas de fogo flamejante, elas passaram a barra, cantando com vozes amoráveis e, mães não santificadas, clamando por misericórdia, afundaram abaixo.
Eu, então, contemplei uma inumerável multidão, vindo das águas, e uma multidão inumerável, vindo da terra, vestidos com roupas brancas, com cartões sobre seu peito e, cantando com fortes vozes, eles passaram por essa barra, e receberam coroas de glória sobre suas cabeças.
Eu, então, contemplei uma inumerável multidão vindo da terra, e alguns deles eu conheci, cujos nomes estavam arrolados nos livros da igreja na terra, alguns dos quais eu tinha visto comungando com os santos de diferentes denominações, e alguns que tinham professado [17/18] ser pregadores do Evangelho. Embora eles fizessem altas profissões, não foram encontrados dignos, mas clamavam por misericórdia e afundaram com aqueles que tinham blasfemado. Quando nós passamos a barra, nós entramos para um lugar sem limites que era iluminado com grande brilho. Perto do lugar através do qual nós passamos, eu contemplei um poderoso anjo revestido em puras roupas brancas, tendo uma coroa de brilho na sua cabeça. Ele pareceu estar olhando fixamente através da barra, e seus olhos como lâmpadas estavam fixados com firmeza sobre a terra. Ele estava com seu pé direito colocado adiante dele, como se estivesse andando; e seu objetivo parecia ser chegar à terra. Mas três passos faltavam para ele dar. Contra seu peito, e cruzando sua mão esquerda, estava, como parecia, uma trombeta de pura prata, e uma grande e terrível voz veio do meio do lugar sem limites, dizendo, “O sexto anjo ainda não tem tocado.”. Atrás do anjo, eu contemplei inumeráveis milhões de brilhantes carruagens, que tinham a aparência de puro ouro e eram perfeitamente quadradas. Cada carruagem tinha quatro asas como fogo flamejante. E, enquanto eu estava contemplando, uma das carruagens subiu sobre suas asas de fogo, e um anjo seguiu após a carruagem; e as asas da carruagem e as asas do anjo clamaram com uma forte voz, dizendo: “Santo! Santo!”. Eu olhei a carruagem, escutando o amorável som das asas. Passou pela terra; e lá apareceu um espírito [18/19] vestido com roupas brancas, como parecia, sobre um monte, e foi-lhe entregue uma coroa de brilho; ele entrou na carruagem com o anjo, e, em um momento, ele estava num lugar sem limites. Embora ele resplandecesse com grande brilho, assim mesmo eu conheci essa pessoa; era o referido pela testemunha que disse: “Eu vejo a carruagem vindo!”. Ele deixou esta vida apenas duas semanas depois que eu o vi em visão.
Eu, então, vi no meio do lugar uma inumerável multidão, vestida de roupas brancas, estando em quadrado perfeito, tendo coroas de indescritível glória sobre suas cabeças. Eles eram do tamanho de crianças de dez anos de idade, e eles cantaram um canto, que os santos e anjos não podiam cantar. No meio desse lugar sem limites, havia um rio de água pura e, no outro lado do rio, inumeráveis milhões de anjos estavam, com coroas de glória sobre suas cabeças; eles tinham em suas mãos taças como puro ouro e participaram da água do rio, cantando com fortes e amáveis vozes e o adorando, cuja coroa deu luz a esse lugar sem limites.
Então, um ser veio a mim vestido em roupas brancas, a quem eu chamei meu guia; ele me levou a um lugar como uma porta estreita. O primeiro que eu contemplei era um anjo poderoso, tendo sobre a mão direita um grande livro aberto diante dele; havia também um outro anjo com um livro aberto diante dele na mão esquerda. Meu guia, então, falou-me, dizendo: “Aqueles que se arrependem de seus pecados na terra são retirados do livro da esquerda, e registrados no da direita.”. Eu, então, contemplei anjos subindo e descendo também, e, da terra, eles traziam notícias para os anjos relatores.
Meu guia, agora, informou-me o que eu devia fazer, dizendo: “Teu espírito deve retornar para aquele mundo, tu deves revelar aquelas coisas que tu tens visto e também advertir teus semelhantes para fugir da ira vindoura.”. Eu, então, respondi para ele, dizendo: “Como posso eu retornar para aquele mundo?”. Ele me respondeu: “Eu irei contigo, apoiar-te-ei e te ajudarei para declarar essas coisas ao mundo.”. Então, eu respondi para o anjo: “Eu irei.”.
Eu, então, contemplei este baixo mundo. Parecia como se o véu que o tinha separado do lugar sem limites no qual eu estava fosse removido e eles tinham ambos se tornado como um: e os santos e anjos estavam continuamente passando de, e para, a terra. A terra parecia como um calmo mar de ouro transparente; acima dela nenhuma nuvem ou céu aparecia, mas o ar era perfeitamente puro, de um brilho prateado. Eu, então, ouvi todos os santos e anjos, no céu e na [20/21] terra, cantando com altas vozes. Meu guia, então, voou com suas asas, trouxe meu espírito gentilmente para a terra e foi embora voando; e imediatamente eu me achei no corpo.
Apesar da ordem do meu guia e minha solene promessa de declarar essas coisas ao mundo, eu estava num primeiro momento muito indisposto para fazer assim, e se passaram três dias antes que eu os revelei de uma maneira pública.
A mensagem era tão diferente – e a maneira em que a ordem foi dada tão diferente de qualquer que eu já tivesse ouvido, e sabendo do preconceito contra aqueles de minha cor, a incumbência me era muito pesada.
Estas questões estavam continuamente surgindo. Por que deveriam essas coisas ser dadas para mim, para levá-las ao mundo, e não para aprendê-las somente, a um de uma diferente condição da minha própria?” Mas nenhuma paz poderia eu obter em desobediência. “Que será de mim se eu não declarar essas coisas?”, era o peso sobre minha alma.
Em 6 de fevereiro, o Pastor da igreja de Broomfield St. me chamou e me pediu para relatar minhas visões em sua casa de oração. Vários membros daquela igreja estavam presentes e estavam ansiosos que eu concordasse. Eu consenti; e a designação foi feita para mim depois de meio dia. Depois que eles tinham deixado, eu me arrependi de ter tomado tal passo.
[21/22]
A manhã do dia 7, contudo, encontrou minha mente calma e em paz; mas como a hora da reunião se aproximasse, tentações começaram dolorosamente a me afligir. Eu temi que meu guia não estaria comigo, e eu não seria capaz de contar ao povo as coisas que tinham sido mostradas para mim. Um grupo de irmãos, simpatizando comigo, acompanharam-me à reunião. Entrando na casa, eu encontrei uma grande congregação reunida, e cada pessoa parecia como um monte. Eu fiquei com tanto medo do homem que pedi ao pastor para abrir a reunião com oração: falando a ele, eu pensei que eles seriam obrigados a ter uma reunião de oração. Mas, enquanto ele estava se comunicando com o trono da graça, parecia como se eu ouvisse uma voz, falando a mim, dizendo: “Eu estou contigo e eu prometi estar contigo.”. Meu coração, então, começou a queimar dentro de mim, o medo do homem desapareceu e indescritível glória encheu minha alma. Eu, então, relatei, com grande liberdade, as coisas a mim mostradas, enquanto a congregação permaneceu em perfeito silêncio. A partir desse tempo eu viajei por três meses dando minha mensagem para casas lotadas, desfrutando a contínua paz de minha mente. Mas, depois disso, eu comecei a temer que minha família viesse a requerer minha ajuda, e assim fui trabalhar com minhas mãos, o que continuei fazendo por três meses. Mas eu não pude encontrar nenhum descanso dia e noite, até que novamente eu me liguei ao [22/23] realizar meu dever. Desde então, eu tenho viajado de lugar a lugar, e sofrido alguma perseguição, mas a promessa de meu guia nunca tem falhado. Sua presença fortalecedora tem estado comigo.
Meu objetivo na publicação dessas visões é para confortar os santos. Eles têm manifestado uma grande consideração por mim, em tempos de tentação e prova.
Freqüentemente nas horas silenciosas da noite eu pareço ouvir novamente a doce melodia dos anjos; e quando quer que meu coração tenha sentido tristeza e solidão, as coisas a mim mostradas por aquele anjo tem me erguido acima das cenas de provação da terra.
Meu desejo é que os filhos de Deus possam ser abençoados da mesma maneira. Eu estou agora esperando pelo meu Senhor vindouro. Embora antes do Senhor Se dignar a me mostrar coisas, celestes coisas, eu era contrário à doutrina do próximo aparecimento de Jesus. Eu estou agora esperando por aquele evento. Eu espero em breve ver o alto e poderoso anjo. Então deverei eu estar satisfeito, quando eu despertar em sua semelhança.
“Vós santos de Deus, erguei vossas cabeças, pois as glórias de uma terra renovada em breve serão vossas.
“O que os olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem tem entrado no coração do homem, são as coisas que Deus têm preparado para aqueles que o amam. Mas Deus as têm revelados por meio de Seu Espírito; pois o Espírito penetra todas as coisas, sim, até as coisas profundas de Deus.”
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