terça-feira, 21 de outubro de 2008

A Primeira Mentira: A Imortalidade da Alma



No início da história, Satanás, havendo assumido a forma de serpente, pronunciou a primeira mentira a Eva. Disse-lhe que se desobedecesse á ordem de Deus de não comer do fruto da Arvore do Conhecimento do Bem e do Mal, “Não Morrereis”, apesar de Deus ter expressamente advertido o homem que “no dia em que dela comeres certamente morrerás” (ver Gênesis 3:4, 2:17). Satanás traiçoeiramente assegurou a Eva (outra mentira descomunal) que ao comer o fruto “os vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal” (Gênesis 3:5). Prezados amigos, estamos todavia a acreditar no que disse o diabo? A Bíblia estabelece claramente que Deus é “aquele que tem, ele só, a imortalidade” (I Timóteo 6:16). De fato, a Bíblia contém um bom número de passagens que provam que o homem mortal não recebe a sua imortalidade até a segunda vinda de Cristo- na ocasião da ressurreição (I Coríntios 15:51-55; João 5:28,29). Agora, por favor, fixemo-nos nestas declarações inequívocas e com a autoridade sobre o estado dos mortos em Eclesiastes 9:5,10: “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa alguma… Tudo o que te vier a mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, pois na sepultura, para onde vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma”
Recordo a primeira vez que li estas passagens bíblicas. Imediatamente me questionei porque tinha eu sempre crido que uma pessoa morta podia comunicar-se comigo á vontade. Seria este, outro erro da Igreja Romana, que os sacerdotes me haviam inculcado? No fim das contas, e de acordo com a Bíblia não são as sessões espíritas reuniões nos quais o diabo procura enviar mensagens funestas a pessoas incautas através de um médium humano, que supostamente pode comunicar-se com os presumíveis espíritos dos mortos? A maior das sessões espíritas relatadas na Bíblia ocorreu quando Saul visitou a Feiticeira de En-Dor, descrita nas escrituras como “uma mulher que tem o espírito de adivinhar” — uma mulher que recebia mensagens de um anjo maligno que pretendia ser o “espírito” de uma determinada pessoa morta, geralmente conhecida por indagador- e pediu-lhe que fizesse subir a Samuel dos mortos pois “o Senhor não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urím, nem por profetas” ( I Samuel 28:6,7). Desde quando acode um homem de Deus ao diabo para procurar conselho quando o Senhor explicitamente disse: “Não vos virareis para os adivinhadores e encantadores; não os busqueis, contaminando-vos com eles. Eu sou o Senhor vosso Deus”? (Levítico 19:31, ver também Isaías 8:19, 20). A Bíblia diz claramente: “os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio” pois quando o homem morre, “sai-lhes o espírito e eles tornam-se em sua terra: naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos” (Salmos 115:17; 146:4).
Então porque é que a maioria das pessoas, tanto cristãs como não cristãs, crêem na doutrina da imortalidade da alma? No meu parecer, o problema existe devido a uma má interpretação das escrituras. Em Gênesis 2:7, a Bíblia diz: “Formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou nas suas narinas o fôlego da vida, e o homem foi feito alma vivente”. A palavra hebraica que foi traduzida como “alma” nesta passagem é nephesh. Além de ter sido traduzida 428 vezes como “alma” no antigo testamento, nephesh também foi traduzida da seguinte forma: vida — 119 vezes; pessoa — 29 vezes; e criatura- 19 vezes. “ Não existe nada nas palavras traduzidas como ‘alma’ ou em seu emprego na Bíblia, que nem de forma remota implique uma entidade consciente que sobrevive ao corpo depois da morte, ou que atribua imortalidade a ela. Nephesh não é parte de uma pessoa, mas sim a própria pessoa!” (Bible Dictionary, por Siegfried Horn, Phd p.1061).
Creio que a confusão é o resultado de uma interpretação equivocada de versículos como o seguinte: “E o pó volte a terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Eclesiastes 12:7). Muitas pessoas procuram usar este versículo para comprovar que a “alma” ou o “espírito” é, por isso, imortal e que regressa a Deus ao experimentar a morte. Não obstante, segundo o conceito hebraico expresso nas escrituras, o “espírito” não é outra coisa senão o alento da vida que mantém vivo o ser humano, o qual é préstimo da parte de Deus e que no fim regressa de volta ao Grande Autor da Vida. É isso precisamente o que quer dizer Jô 27:3, 4: “Enquanto em mim houver alento [nephesh], e o sopro de Deus no meu nariz, não falarão os meus lábios iniqüidade”. A palavra hebraica que se utiliza para espírito é ruach, a qual define no Léxico de Genésio da seguinte forma: a) espírito ou fôlego; b) fôlego das narinas; c) sopro de ar. Quando o espírito, ou seja, o sopro nas narinas, regressa a Deus, então o corpo, formado originalmente do pó da terra, cessa as suas funções normais e começa o seu processo de regresso à terra, o seu lugar de origem. O individuo já carente de alento ou respiração deixa de existir como ser vivente, consciente e pensante, e passa a descansar no sepulcro até ser chamado pela voz de Cristo no “ultimo dia” (João 6:39). “Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação”. (João 5:28, 29). Os justos mortos levantar-se-ão por ocasião da segunda vinda de Cristo e junto com os santos vivos serão arrebatados nas nuvens a receber o Senhor nos ares (ver I Tessalonicenses 4:15-18), mas os mortos ímpios não se levantarão até mil anos depois da ressurreição dos justos. “Mas os outros mortos não reviveram até que os mil anos se completassem” (Apocalipse 20:5). Como pode alguém “reviver” sem ter primeiro experimentado a morte?
Amigos, já devem porventura estar a questionar-se o seguinte: “Como pode estar viva a Virgem Maria quando a Bíblia claramente diz que não há nenhum conhecimento na morte?”. Para esclarecer melhor este ponto, examinaremos mais algumas citações bíblicas que provam que o homem é mortal. No livro de Jô lemos: “Mas, morto o homem, e, consumido; sim rendendo o homem o espírito [expira, segundo Strong´s Concordance], então onde está? Como as águas se evaporam de um lago, e o rio se esgota e seca; até que não haja mais céus [o céu há de se recolher “como um pergaminho quando se enrola” quando Cristo regressar pela segunda vez (Apocalipse 6:14)] não acordará nem despertará de seu sono” (Jô 14:10-12). E como se isso não fosse suficientemente claro, Jô continua a dizer: “Morrendo o homem tornará a viver? Todos os dias da minha lida esperaria, até que viesse a minha mudança. Chamar-me-ias, e eu te responderia… (Jô 14:14, 15). Evidentemente a crença de Jô era que iria dormir no sepulcro até que Jesus o chamasse na Manhã da Ressurreição (ver também Jô 17:13-16). Além do mais, foi o próprio Jesus que se referiu ao estado de Lázaro na sepultura como um sono. Em nenhum momento deu a entender que Lázaro havia ascendido ao Céu. Pelo contrário, declarou que: “Nosso amigo Lázaro dorme, mas vou desperta-lo” (João 11:11). Seguidamente, em João 11:23 Jesus disse a Marta que: “Teu irmão há de ressuscitar”, a qual Maria respondeu: “Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia”. Jesus, ao ordenar a Lázaro que saísse do sepulcro disse: “Lázaro, vem para fora”!, e não “Lázaro sobe”! ou “Lázaro desce”! Considero que a palavra empregada por Jesus em lugar de morte (a qual se refere a primeira morte) é um sinônimo muito apropriado porque ela se refere a um estado transitório da qual, segundo Daniel 12:2, todos “ressurgirão, uns para a vida eterna, e outros para a vergonha e o desprezo eterno” [esta é a segunda morte, ver Apocalipse 20:12-14].
O grande mestre, o apóstolo Paulo, entendia claramente que ele também dormiria no sepulcro até a segunda vinda de Cristo: “Quanto a mim, já estou sendo derramado como libação, e o tempo da minha partida [morte] está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde a agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda [a de Cristo]”. (2 Timóteo 4:6-8). Paulo sabia, assim como Marta, que seria apenas na ressurreição do último dia, na ocasião da segunda vinda de Cristo, que ele receberia a recompensa da vida eterna e seria transformado de mortal a imortal. Não esqueçamos que foi Paulo que nos deixou escrito nas Sagradas Escrituras que o homem mortal não será dotado de imortalidade até que soe a trombeta final que despertará os justos mortos ao vir Jesus pela segunda vez: “Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade.” [repare que esta mudança ocorre, não ao morrer a pessoa, mas por ocasião da segunda vinda de Cristo] (I Coríntios 15:51-53). Numa passagem anterior, e dentro do mesmo capítulo da epístola, Paulo tinha dito: “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem. Porque assim como a morte veio por um homem, [Adão] também a ressurreição dos mortos veio por um homem [Cristo]. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda”. (I Coríntios 15:20-23)
Para realçar ainda mais esta posição, examinaremos agora o pedido do ladrão crucificado ao lado de Jesus registrado no capítulo 23 do evangelho de Lucas. O ladrão arrependido, crendo que Jesus era realmente o Filho de Deus, disse a Jesus: “Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino”. Perante este pedido, Jesus respondeu-lhe dizendo: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23:42-43). Aqueles que crêem na doutrina da imortalidade da alma, referem-se freqüentemente a esta passagem bíblica para provar que ao falecer uma pessoa, o seu espírito ascende imediatamente ao Céu. Mas examinaremos esta passagem com mais pormenor.
O novo testamento foi escrito originalmente em grego. Os escrivões antigos escreviam sem deixar espaços entre as palavras ou orações e, por conseguinte, sem sinais de pontuação, um estilo conhecido como Scriptio Continua. Os espaços e os sinais de pontuação foram acrescentados séculos mais tarde. Seguindo a ordem das palavras que aparecem na última edição do New Testament Greek [Novo Testamento Grego publicado pelas Sociedades Bíblicas Unidas, 4° Edição, Revisada, 1994] mas ignorando as vírgulas previstas pelos seus editores, em português traduziríamos Lucas 23:43 da seguinte maneira: “E disse-lhes Jesus: Em verdade te digo hoje estarás comigo no Paraíso”. Imediatamente notamos a ausência da conjunção que, acrescentada pelas versões em português. Simplesmente não aparece no texto original. Realmente, tudo o que falta é determinar onde colocar a vírgula. Para que esta passagem concorde com o ensinamento bíblico, o conceito hebraico acerca da natureza humana e o estado dos mortos, a vírgula deve ser colocada depois da palavra hoje. Nesse caso, o versículo ler-se-ia assim: “ Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso”.
Também teremos que ter em mente que Jesus não ascendeu ao Céu ao morrer, visto Ele ter dito a Maria na madrugada de sua memorável ressurreição: “Não me detenhas, porque ainda não subi para o meu Pai”. (João 20:17). Notemos que esta declaração foi feita dois dias depois de sua morte na cruz. Do mesmo modo, ao ladrão arrependido foi lhe dada naquele dia [sexta feira santa — o dia da crucificação], a segurança da vida eterna e um lugar no paraíso, mas ele, como o resto dos justos, não receberão a sua recompensa até que Jesus venha pela segunda vez (ver Apocalipse 22:12).

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