quarta-feira, 29 de outubro de 2008

SÁBADO – A OUTRA MENINA DOS OLHOS



Reafirmo o que tenho dito e crido: o sábado é bíblico e ponto final. Mas o que fazemos com ele? Em vez de torná-lo um dia de bênção, o transformamos num fardo. Quase nada difere do que os judeus faziam no tempo de Cristo. Há exceções, não muitas. Outra dura realidade!


Vamos analisar com sinceridade o que, na média, um adventista faz e não faz durante o sábado: não trabalha, não compra, nem assiste TV, mas muitas vezes fala e pensa em trabalho; quando precisa, alguns pedem que outros comprem ou paguem contas em seu lugar (ou de quando em quando compram literatura adventista para “pagar” noutro dia). Ah, claro, vai à igreja pela manhã, mas se o corpo está presente, os pensamentos ficam a quilômetros de distância! Depende um pouco do pregador. Depois se empanturra com aquela comida especial de sábado, com direito a muito doce na sobremesa, e em seguida tira uma boa soneca. Tem direito, não é? Trabalhou duro a semana toda. Soneca? Para muitos, dura a tarde inteira. Uns gatos pingados vão ao culto jovem, a não ser que haja show de algum famoso conjunto de fora. Aí a igreja fica lotada.


Outros participam de ensaios musicais. É uma festa, quando não sai briga entre o sonoplasta e os cantores (conheço bem esse filme). Os oficiais da igreja são convocados para comissões e demais reuniões administrativas, aquelas para implantar projetos feitas por departamentais que têm de mostrar serviço. A esposa e os filhos que se virem sozinhos, o trabalho do Senhor é mais importante. Misericórdia! Depois não sabem porque os filhos detestam dia de sábado. Como me lembro das comissões de nomeações que não acabavam nunca! (Falo porque já fiz tudo isso). Há aqueles que juntam um grupinho para bater papo, principalmente os que moram perto de colégios e de outras instituições. Nem é preciso imaginar que tipo de conversa predomina. Todo mundo sabe. O DIVA (departamento de investigação da vida alheia) come solto com a tesoura.


E para terminar o sábado, só se vê gente consultando o relógio e a altura do Sol no horizonte para ligar a TV e assistir novelinha das seis, das sete, das oito... Ou, para ir ao Shopping com a moçada e comer uma pizza. Programa de sábado à noite é sempre esperado com grande expectativa. Horário de verão é um martírio. O dia fica tão compriiiiiiido.... ainda bem que a sexta-feira compensa. Quando há jogo de copa do mundo no sábado, Deus nos acuda! Fica todo mundo contando os rojões. Estou exagerando? Quer mais? Vamos parar aqui, senão o artigo vai ficar muito comprido.


Como já disse, há exceções. Conheço gente que realmente ”observa” o sábado e faz dele um dia de comunhão com o Senhor. Inclusive há alguns que nem são adventistas. Há igrejas evangélicas observando o sábado como dia de consagração especial a Deus. Fazem isso “em surdina” por causa do preconceito da maioria evangélica.

Querido, se você guarda o sábado de verdade, glorifico a Deus por sua vida. Infelizmente há poucos. ”Muitos serão chamados, mas poucos os escolhidos”. Esse é um retrato da realidade.


Faço agora uma segunda indagação acerca do sábado. Quantos usam as horas do sábado para ter uma verdadeira comunhão com Jesus, para estudar Sua Palavra, para conhecê-Lo melhor, para desenvolver uma intimidade com Cristo? A situação se parece com o que o mundo faz com o Natal: comemora a data e esquece o aniversariante. Já presenciei muitos debates entre adventistas e outros evangélicos acerca da guarda do sábado, mas jamais vi alguém dando a mesma ênfase à adoração do Senhor do Sábado.

Temo estar exagerando na dose. É muita desgraça para quem almeja viver na graça. Tenho que encerrar. O que escrevi não é crítica nem acusação. Crítica construtiva não existe. É apenas um diagnóstico realista e um brado de alerta.


Não desanime, meu irmão. Sempre há esperança, pois Deus é misericordioso e não tem prazer na morte do ímpio. Mas é preciso haver mudança profunda e radical. Efésios é um bom livro para ser estudado no contexto de hoje. Já ouviu falar em batalha espiritual? Mais uma razão para estudar Efésios.


Vou terminar, partilhando com você uma ilustração que ouvi do querido conferencista que os mais antigos conhecem: Pastor Geraldo de Oliveira, carinhosamente conhecido como Pastor GG.

Uma grande igreja estava recebendo seu novo pastor. Havia muita expectativa, pois se dizia que era um pastor com “P maiúsculo”, embora pouco conhecido na região.

O sábado da estréia do pastor chegou. A igreja estava lotada. Manhã de sol, prenunciando um dia de festa. Após a Escola Sabatina e os Minutos Missionários, veio a “segunda hora” (como se falava antigamente). Houve todo o processual de início do culto com a participação do coral que cantou várias músicas especiais. A filha do ancião recitou uma poesia (de Mário Barreto França, lembra-se?) em saudação ao novo pastor. Por pouco, o pai e a mãe não perdem a pose a aplaudem a filha que se apresentou impecável.

Finalmente, a hora do sermão. O pastor se levanta com firmeza, olha bem para a igreja e convida o povo a abrir a Bíblia em Atos 2:38. Lê pausadamente, com voz solene: “E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.” Fechando a Bíblia, assenta-se e faz sinal para que o irmão encarregado anuncie o hino final. Na saída, despedida calorosa. Todos querem abraçar o novo pastor.

Imagine a alegria da Igreja. Os comentários eram os mais elogiosos possíveis. “Que pastor maravilhoso. Com um verso bíblico apenas pregou um dos mais lindos sermões que já ouvimos nesta igreja.” Outros ficaram felizes por ter a chance de almoçar mais cedo e ter mais tempo para “repousar segundo o mandamento” (conhece bem essa expressão? Já a ouvi centenas de vezes, nesse sentido irônico).

A notícia correu. No outro sábado, vários membros afastados resolveram voltar à igreja quando souberam do novo pastor. Quem não aprecia um pastor como esse? Eu também gostava de pregadores que falavam pouco.

Igreja superlotada. Tudo ocorreu como no sábado anterior, inclusive o sermão. Alguns acharam um pouco estranho. Não ficaram muito satisfeitos. Comentários foram feitos à boca pequena. “Que será que o pastor está querendo com isso? Pensávamos que hoje haveria uma mensagem diferente, ainda que fosse apenas um texto bíblico, mas o mesmo verso?”

As expectativas para o sábado seguinte aumentaram grandemente. Vários membros mais influentes estavam dispostos a tomar uma posição firme, caso acontecesse a mesma “palhaçada” (expressão usada para classificar a atitude do novo pastor).

Na hora do culto, o coral terminou sua apresentação sem muito entusiasmo. Na verdade, a congregação tinha “cara de poucos amigos”. Parecia que todos estavam imaginando o que iria acontecer. E aconteceu. O pastor se levantou e leu o mesmo verso: “E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.”

O pastor já ia se assentando quando um irmão levantou-se no auditório e pediu a palavra:

“Pastor, é o terceiro sábado que o senhor vem aqui para ler um verso que nós sabemos decor. Não precisamos de um pastor aqui na igreja para isso.”

Em seguida levantou-se uma irmã:

“Pastor, desculpe a sinceridade, mas o senhor acha que somos, crianças? Esta é uma igreja que estuda e conhece bem a Bíblia. Não estamos numa escolinha do jardim para decorar versinhos e depois recitá-los do décimo-terceiro sábado.”

Outros membros falaram, sempre com o mesmo tipo de discurso. O pastor os ouviu pacientemente. Finalmente, perguntou: ”Alguém mais quer falar?” Todos já haviam feito seu desabafo.

Então o pastor começou realmente a pregar. Ele conhecia bem a igreja que estava assumindo: havia orado, jejuado e chorado por ela.

“Irmãos, enquanto não houver arrependimento genuíno, enquanto a igreja não reconhecer seus problemas para que haja cura, enquanto esta palavra não for cumprida, não tenho outra mensagem para vocês.” Com aquela unção que somente pode vir do alto, o pastor foi conduzindo a igreja a um quebrantamento jamais visto. Houve grande comoção, mas sem emocionalismo barato. Deus tocou o coração de cada membro de tal maneira, que não foi preciso fazer qualquer apelo ao arrependimento. A igreja entendeu a mensagem. E a colocou em prática. Seguiu-se um verdadeiro avivamento entre os irmãos. O evangelho frutificou abundantemente naquela cidade. O inimigo perdeu uma de suas principais cidadelas. A visão do vale de ossos secos de Ezequiel 37 foi cumprida naquela igreja.


Só mais um ponto a ser esclarecido quanto ao verdadeiro arrependimento. Deus não perdoa pecados por atacado. Sempre ouço gente orando: “Senhor, perdoa todos os meus pecados...” Pecado tem nome e precisa ser confessado nominalmente, mesmo na oração particular. Se você não tem idéia por onde começar, veja os frutos da carne em Gálatas 2: 19 a 21. Há uma lista extensa de pecados. É provável que você se enquadre em alguns deles. Então, identificando-os, arrependa-se especificamente em relação a cada um. Aproveite a Bíblia aberta em Gálatas e leia os versos 22 e 23 para saber qual o fruto do Espírito, gerado pelo novo nascimento.


Querido irmão, você que leu com paciência e sem preconceito tudo o que escrevi, saiba que Deus está buscando um povo que realmente cumpra Seu propósito, que O ame acima de todas as coisas, de todo o coração e de todo o entendimento. É tempo de buscar genuíno arrependimento e de fazer mudanças profundas de vida. Chega de brincar de religião. Não queira estar entre os que Jesus vai colocar à Sua esquerda e declarar a respeito deles.”Apartai-vos de Mim, malditos”. O novo nascimento faz toda a diferença na vida de uma pessoa. “Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não O Serve” (Malaquias 3:18). Não dá mais para ficar na posição laodiceana. Conversão pela metade não existe. Mornidão significa perdição completa. É preciso tomar posição firme ao lado de Jesus sem medo de ser chamado de fanático – e não deve mesmo ser fanático, pois Satanás gosta muito deles. Fanatismo e seriedade no relacionamento com Deus são coisas diferentes e incompatíveis entre si.


“...Todavia não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que Ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia.” II Timóteo 1:12. Um novo tempo está começando na terminação da Obra de Deus neste mundo. A nuvem de glória está passando, não vamos perder a oportunidade. “Exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado. ... Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração.” Hebreus 3:13 e 15.


Deus conta comigo e com você. Vamos juntar forças e entrar nessa batalha? Ele nos vai capacitar, pois a guerra será difícil. Nossa luta não é contra carne e sangue (Efésios 6:12). Tenho plena consciência de que vamos meter a mão num grande “vespeiro”. O inimigo vai ficar furioso. Mas não temo, estou bem protegido pela armadura do Senhor. E com Ele, temos a garantia de sermos “mais que vencedores”. Estamos juntos nessa? Então divulgue esta mensagem!

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