terça-feira, 25 de novembro de 2008

UMA LIÇÃO DO PASSADO


A oposição é o quinhão de todos aqueles a quem Deus emprega para apresentar verdades especialmente aplicáveis a seu tempo. Havia uma verdade presente nos dias de Lutero, verdade de especial importância naquele tempo; há uma verdade presente para a igreja hoje. Esta, porém, não é hoje desejada pela maioria, mais do que o foi pelos romanistas que se opunham a Lutero. Há, para aceitar teorias e tradições de homens, em vez da Palavra de Deus, a mesma disposição das eras passadas. O espírito do mundo não está hoje mais em que harmonia com o espírito de Cristo do que nos primitivos tempos, e os que pregam a Palavra de Deus em sua pureza não serão recebidos agora com maior favor do que o foram naquele tempo. As maneiras e aposições à verdade podem mudar, a inimizade pode ser menos manifesta, porque é mais arguta; mas o mesmo antagonismo ainda existe, e se manifestará até o fim do tempo.

LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA AMEAÇADA

O romanismo é hoje olhado pelos protestantes com muito maior favor do que anos atrás. Há crescente indiferença com relação às doutrinas que separam as igrejas reformadas da hierarquia papal e ganha terreno a opinião de que, em última análise, não diferimos tão grandemente em pontos vitais como se supunha e de que pequenas concessões de nossa parte nos levarão a melhor entendimento com Roma. Houve tempo em que os protestantes davam alto valor à liberdade de consciência a tão elevado preço comprada. Ensinavam os filhos a aborrecer o papado, e sustentavam que buscar harmonia com Roma seria deslealdade para com Deus. Mas quão diferentes são sentimentos hoje expressos!

Os defensores do papado asseveram que a igreja foi caluniada e o mundo protestante inclina-se a aceitar esta declaração. Muitos insistem em que é injusto julgar a igreja de hoje pelas abominações e absurdos que assinalaram seu domínio durante os séculos de ignorância e trevas. Desculpam sua horrível crueldade como sendo o resultado da barbárie dos tempos, e alegam que a influência da civilização moderna lhe mudou os sentimentos.

Olvidaram estas pessoas a pretensão da infalibilidade sustentada há oitocentos anos por este altivo poder? Longe de ser abandonada, firmou-se esta pretensão no século XIX de modo mais positivo que nunca dantes. Visto como Roma assevera que a igreja "nunca errou, nem, segundo as Escrituras, errará jamais" (História Eclesiástica Mosheim, livro 3, século XI, parte 2, cap. 2, nota 17), como poderá ela renunciar aos princípios que lhe nortearam a conduta nas eras passadas?

A igreja papal nunca abandonará a sua pretensão à infalibilidade. Tudo que tem feito em perseguição dos que lhe rejeitam os dogmas, considera ela estar direito; e não repetiria os mesmos atos se a oportunidade se lhe apresentasse? Removam-se as restrições ora impostas pelos governos seculares, reintegre-se Roma ao poderio anterior, e de pronto ressurgirá a tirania e perseguição.

Um conhecido escritor refere-se nos seguintes termos à atitude da hierarquia papal no que respeita à liberdade de consciência e aos perigos que ameaçam especialmente os Estados Unidos pelo êxito de sua política: "A Constituição dos Estados Unidos garante a liberdade de consciência. Nada se preza mais ou é de maior transcendência. O Papa Pio IX, na encíclica de 15 de agosto de 1854, disse: "As doutrinas ou extravagâncias absurdas e errôneas em defesa da liberdade de consciência, são erros dos mais perniciosos - uma peste que, dentre todas as outras, mais deve ser temida no Estado.' O mesmo Papa. na encíclica de 8 de dezembro de 1854, anatematizou "os que defendem a liberdade de consciência e de culto" e também, "todos os que afirmam que a Igreja não pode empregar a força."

"O tom pacífico usado por Roma nos Estados Unidos não implica mudança de coração. É tolerante onde é impotente. Diz o Bispo O'Connor: "A liberdade religiosa é meramente suportada até que o contrário possa ser levado a efeito sem perigo para o mundo católico."... O arcebispo de São Luís disse certa vez: "A heresia e a incredulidade são crimes; e em países cristãos como a Itália e a Espanha, por exemplo, onde todo o povo é católico e onde a religião católica é parte essencial da lei da nação, são elas punidas como os outros crimes."...

"Todo cardeal, arcebispo e bispo da Igreja Católica, presta para com o papa um juramento de fidelidade em que ocorrem as seguintes palavras: 'Combaterei os hereges, cismáticos e rebeldes ao dito senhor nosso (o Papa), ou seus sucessores e perseguí-los-ei com todo o meu poder' " Josiah Strong-Our Country cap.5, par. 2-4.

É certo que há verdadeiros cristãos na comunhão católico-romana. Milhares na dita igreja estão seguindo a Deus segundo a melhor luz que possuem. Não distinguem a verdade, nunca viram o contraste entre o verdadeiro culto prestado de coração e um conjunto de meras formas e cerimônias. Deus olha para estas almas com compadecida ternura, educadas como são em uma fé que é ilusória e não satisfaz. Fará com que raios de luz penetrem as densas trevas que as cercam. Revelar-lhes-á a verdade como é em Jesus.

OS PROTESTANTES ESTÃO FECHANDO OS OLHOS

Os protestantes têm-se intrometido com o papado, patrocinando-o; têm usado de transigência e feito concessões que os próprios romanistas se surpreendem de ver e não compreendem. Os homens cerram os olhos ao verdadeiro caráter do romanismo e aos perigos que se devem recear com a sua supremacia. O povo necessita ser despertado a fim de resistir aos avanços deste perigosíssimo inimigo da liberdade civil e religiosa.

Mas o romanismo, como sistema, não se acha hoje em harmonia com o Evangelho de Cristo mais do que em qualquer época passada de sua história.. As igrejas protestantes estão em grandes trevas, pois do contraído discerniriam os sinais dos tempos. São de grande alcance os planos e modos de operar da Igreja de Roma. Emprega todo expediente para estender a influência e aumentar o poderio. A Igreja de Roma apresenta hoje ao mundo uma fronte serena, cobrindo de justificações o registro de suas horríveis crueldades. Vestiu-se com
roupagens de aspecto cristão; não mudou, porém. Todos os princípios formulados pelo papado em épocas passadas, existem ainda hoje. As doutrinas inventadas nas tenebrosas eras ainda são mantidas. Ninguém se deve iludir. O papado que os protestantes hoje se acham tão prontos para honrar é o mesmo que governou o mundo nos dias da Reforma, quando homens de Deus se levantavam, com perigo de vida. a fim de denunciar sua iniqüidade. Possui o mesmo orgulho e arrogante presunção que dele fizeram senhor dos reis e príncipes, e reclamaram as prerrogativas de Deus.

Cingiu-se com vestes como as de Cristo, mas em realidade não mudou. Todos os princípios formulados pelo papado em épocas passadas subsistem em nossos dias.

A APOSTASIA DOS ÚLTIMOS TEMPOS

O papado é exatamente o que a profecia declarou que havia de ser: A te apostasia dos últimos tempos (2 Ts. 2:3, 4.). Faz parte de sua política assumir o caráter que melhor cumpra o seu propósito; mas, sob a aparência variável do, camaleão, oculta o invariável veneno da serpente. "Não se deve manter a palavra empenhada aos hereges, nem com pessoas suspeitas de heresias", declara Roma. História do Concílio de Constança, de Lenfant, vol. I, pa,g.516. Deverá esta potência, cujo registro milenar se acha escrito com o sangue dos santos, ser hoje reconhecida como parte da igreja de Cristo?

Não é sem motivo que se tem feito, nos países protestantes, a alegação de que o catolicismo difere hoje menos do protestantismo do que nos tempos passados. Houve uma mudança; mas esta não se verificou no papado. O catolicismo na verdade em muito se assemelha ao protestantismo que hoje existe; pois o protestantismo moderno muito se distancia daquele dos dias da Reforma. Tendo estado as igrejas protestantes à procura do favor do mundo, a falsa caridade lhes cegou os olhos. Não vêem senão que é direito julgar bem de todo o mal; e, como resultado inevitável, julgarão finalmente mal de todo o bem. Em vez de permanecerem em defesa da fé que uma vez foi entregue aos santos, estão hoje, por assim dizer, justificando Roma, por motivo de sua opinião inclemente para com ela, rogando perdão pelo seu fanatismo.

Já é hora de os protestantes irem ao seu pastor (o papa) e dizerem: Que temos de fazer para voltar à casa?" Dr. Robert Schuller, Los Angeles Herald Examiner, 19 de setembro de 1987.

"Os cabeças das igrejas protestantes Americanas e Ortodoxas que estavam reunindo-se com o Papa João Paulo II na sexta-feira, aclamaram sua primeira, largamente representativa discussão, como um sinal no caminho, para uma grande unidade... O reverendo Donald Jones, metodista e presidente do departamento de estudos religiosos da Universidade de Carolina do Sul, a qualificou como á reunião ecumênica mais importante deste século' ... O reverendo Paul A. Crown Jr., de Indianápolis, oficial ecumênico da Igreja Cristã (Discípulos de Cristo), chamou-a `um novo dia no ecumenismo' abrindo um futuro no qual Deus está unindo. " The Montgomery Advertiser, 12 de setembro de 1987.

Uma classe numerosa, mesmo dentre os que consideram o romanismo sem favor, pouco perigo percebe em seu poderio e influência. Muitos insistem que as trevas intelectuais e morais durante a Idade Média favoreceram a propagação de seus dogmas, superstições e opressão, e que a inteligência maior dos tempos modernos, a difusão geral do saber e a crescente liberalidade em matéria de religião, vedam o avivamento da intolerância e tirania. O próprio pensamento de que tal estado de coisas venha a existir nesta era esclarecida é ridicularizado.

É verdade que luz intelectual, moral e religiosa resplandece sobre esta geração. Das páginas abertas da Santa Palavra de Deus, tem-se derramado luz do Céu sobre o mundo. Mas cumpre lembrar que, quanto maior a luz concedida, maiores as trevas dos que a pervertem ou rejeitam. Uma época de grandes trevas intelectuais demonstrou-se favorável ao êxito do papado. Provar-se-á ainda que um tempo de grande luz intelectual é igualmente favorável a seu triunfo. Nos séculos antigos, quando os homens estavam sem a Palavra de Deus e sem conhecimento da verdade, seus olhos estavam vendados e milhares se enredavam, não vendo a cilada que lhes era armada sob as pés. Nesta geração, muitos há cujos olhos se tornam ofuscados pelo resplendor das especulações humanas "falsamente chamada Ciência", não percebem a rede e nela caem tão facilmente como se estivessem de olhos vendados.

Um estudo da Escritura Sagrada, feito com oração. mostraria aos protestantes o verdadeiro caráter do papado, e os faria aborrecê-lo e evitá-lo. Mas muitos são tão sábios em seu próprio conceito que não sentem necessidade de humildemente buscar a Deus para que possam ser levados à verdade. Posto que se orgulhando de sua ilustração, são ignorantes, tanto sobre as Escrituras como a respeito do poder de Deus. Precisam de algum meio de aquietar consciência. O que é um modo de esquecer a Deus, que passe por um modo de lembrar-se dEle. O papado está bem adaptado a satisfazer às necessidades de todos estes. Está preparado para as duas classes da humanidade, abrangendo o mundo quase todo: Os que desejam salvar-se pelos próprios méritos e os que desejam ser salvos em seus pecados. Eis aqui o segredo de seu poder.
(Leia O GRANDE CONFLITO)

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